LTER Sabor
O que é?
Caracterização do local

Estrutura do Sítio
Porquê o Sabor?
Valor natural e de conservação do local
A maior parte do LTsER Sabor está incluído na Rede Natura 2000, englobando uma Zona de Proteção Especial (ZPE), ao abrigo da Diretiva Aves (79/409/CEE), e de um Sítio de Importância Comunitária (SIC), ao abrigo da Diretiva Habitats (92/43/CEE). No vale do Sabor estão os mais extensos e bem conservados azinhais e sobreirais de Trás-os-Montes, relíquias do bosque mediterrânico que permitem a ocorrência de uma flora associada muito particular e de elevado número de endemismos. A flora é muito diversificada, incluidno espécies ameaçadas como Buxus sempervirens, Trigonella polyceratia e Holcus setiglumis ssp. Duriensis, entre outras. A riqueza da zona deve-se ainda a populações de aves rupícolas emblemáticas e com estatuto de proteção como águia-real (Aquila chrysaetos), águia de Bonelli (Aquila fasciatus), cegonha negra (Ciconia nigra), grifo (Gyps fulvus), e abutre do Egipto (Neophron percnopterus). São também de destacar mamíferos protegidos como toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), lontra (Lutra lutra), gato bravo (Felis silvestris) e lobo (Canis lupus), bem como diversas espécies de morcegos. É também digna de registo a fauna muito diversa de anfíbios e répteis, e ainda vários peixes dulçaquícolas endémicos da Península Ibérica.

Valor Socioeconómico
O LTsER Sabor tem história de ocupação humana que cobre uma cronologia de mais de 30.000 anos. Existe um rico espólio arqueológico obtido durante a construção do Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor, revelando profundas e antigas interações entre as populações humanas e os ecossistemas, desde os caçadores-recolectores do Paleolítico Superior e Mesolítico, passando pelos primeiros agricultores entre o Neolítico e a Idade do Bronze, até às sociedades complexas da Idade do Ferro e do Período Romano. Estas relações causaram transformações complexas das comunidades biológicas e das paisagens, desde a extinção de grandes herbívoros como os auroques e cavalos selvagens, possivelmente ainda no Paleolítico superior, até à expansão agrícola e quase total remoção da vegetação natural, associadas à Campanha do Trigo dos anos de 1930.
Atualmente, a relação com o território e os ecossistemas mantém-se complexa, variando desde a intensificação da produção agrícola nos solos férteis do Vale da Vilariça, o crescimento de culturas permanentes como o olival e amendoal a expensas das culturas anuais de sequeiro, e o abandono agrícola e expansão da vegetação natural em áreas declivosas e com solos mais pobres.
Ameaças ao sistema

A construção do Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor é mais uma de múltiplas alterações sofridas pelos ecossistemas da região, ainda que pela sua dimensão e incidência sobre as linhas de água venha trazer novos e cumulativos impactes. À transformação de um rio e das formações vegetais adjacentes num lago com 70km de comprimento, estão associados efeitos diretos relacionados com a perda e fragmentação dos habitats das espécies aquáticas e terrestres. Poderão também acontecer efeitos indiretos devidos à indução de novas dinâmicas territoriais, associados por exemplo ao aumento do turismo e a alterações nos usos do solo.