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SABOR

O QUE É?

Um pequeno olhar de como a sua singularidade fez com que este local fosse escolhido para ser LTER

Quais as consequências ao longo do tempo da construção de uma nova infraestrutura hidroeléctrica numa bacia hidrográfica de elevado valor natural? Que medidas de compensação e gestão ambiental são necessárias para mitigar os seus impactos sobre a biodiversidade e ecossistemas?

 

Obter informação científica para responder a estas questões é fundamental para conseguir uma transição energética mais sustentável, num quadro de crescimento da produção hidroeléctrica um pouco por todo o mundo.

 

É neste contexto que surge o LtsER Sabor, o qual usa, com base na construção e exploração de um novo Aproveitamento Hidroeléctrico, os processos inerentes de mudança hidrológica e paisagística como uma “experiência” ecológica de longo termo, através da qual se quer compreender as transformações nos sistemas sócio-ecológicos associadas às grandes barragens.

 

Para isso, o LTsER Sabor investiga as respostas a esta nova infraestructura das comunidades de plantas e animais, dos ecossistemas e mesmo dos sistemas sociais, num território afectado por múltiplas dinâmicas decorrentes do despovoamento rural, alterações dos usos do solo e expansão de áreas naturais.

CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL

O LTsER Sabor localiza-se na Terra Quente de Trás-os-Montes (NE Portugal), englobando a bacia do sector jusante do Rio Sabor e dos seus principais afluentes (1590 km2), na qual foi construído o Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor (AHBS). O clima é mediterrânico de características continentais, com Verões prolongados, quentes e secos, e Invernos frios. A topografia é caracterizada por planaltos com altitudes de cerca de 600m, cortados por vales ribeirinhos profundos e estreitos. O pico da actividade agrícola ocorreu nos anos de 1930 e 1940, mas desde aí o êxodo rural e abandono agrícola têm-se acentuado.

Actualmente, existe uma paisagem em mosaico com terrenos aráveis, pastagens extensivas, olivais e amendoais, e vegetação natural. Esta última está geralmente concentrada nas zonas mais declivosas, e inclui formações como estevais (Cistus spp.), giestais (Cytisus spp.), rosmaninhais (Lavandula pedunculata), zimbrais (Juniperus oxycedrus), e bosques de sobreiro (Quercus suber) e azinheira (Q. rotundifolia), frequentemente com um subcoberto diversificado com Juniperus spp., Pistacia terebinthus e Erica arborea.

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ESTRUTURA DO SÍTIO

A investigação no LTsER Sabor desenvolve-se de forma integrada sobre todo o sítio, abarcando mesmo algumas zonas envolventes para possibilitar abordagens a maior escala geográfica. Existem contudo áreas onde a investigação é concentrada, muitas vezes em associação com locais onde foram implementadas medidas de compensação do AHBS. Neste domínio destaca-se por exemplo o habitat de compensação da Vilariça, um curso de água onde existe a possibilidade de regular o volume de caudal para fomentar a reprodução de espécies piscícolas.

Porquê o BAIXO SABOR?

VALOR NATURAL E DE CONSERVAÇÃO DO LOCAL

A maior parte do LTsER Sabor está incluído na Rede Natura 2000, englobando uma Zona de Protecção Especial (ZPE), ao abrigo da Directiva Aves (79/409/CEE), e de um Sítio de Importância Comunitária (SIC), ao abrigo da Directiva Habitats (92/43/CEE). No vale do Sabor estão os mais extensos e bem conservados azinhais e sobreirais de Trás-os-Montes, relíquias do bosque mediterrânico que permitem a ocorrência de uma flora associada muito particular e de elevado número de endemismos.

 

A flora é muito diversificada, incluindo espécies ameaçadas como Buxus sempervirens, Trigonella polyceratia e Holcus setiglumis ssp. Duriensis, entre outras.

A riqueza da zona deve-se ainda a populações de aves rupícolas emblemáticas e com estatuto de protecção como águia-real (Aquila chrysaetos), águia de Bonelli (Aquila fasciatus), cegonha negra (Ciconia nigra), grifo (Gyps fulvus), e abutre do Egipto (Neophron percnopterus). São também de destacar mamíferos protegidos como toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), lontra (Lutra lutra), gato bravo (Felis silvestris) e lobo (Canis lupus), bem como diversas espécies de morcegos.

É também digna de registo a fauna muito diversa de anfíbios e répteis, e ainda vários peixes dulçaquícolas endémicos da Península Ibérica.

VALOR SÓCIO-ECONÓMICO

O LTsER Sabor tem história de ocupação humana que cobre uma cronologia de mais de 30,000 anos. Existe um rico espólio arqueológico obtido durante a construção do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor, revelando profundas e antigas interacções entre as populações humanas e os ecossistemas, desde os caçadores-recolectores do Paleolítico Superior e Mesolítico, passando pelos primeiros agricultores entre o Neolítico e a Idade do Bronze, até às sociedades complexas da Idade do Ferro e do Período Romano. Estas relações causaram transformações complexas das comunidades biológicas e das paisagens, desde a extinção de grandes herbívoros como os auroques e cavalos selvagens, possivelmente ainda no Paleolítico Superior, até à expansão agrícola e quase total remoção da vegetação natural, associadas à Campanha do Trigo dos anos de 1930.

 

Actualmente, a relação com o território e os ecossistemas mantém-se complexa, variando desde a intensificação da produção agrícola nos solos férteis do Vale da Vilariça, o crescimento de culturas permanentes como o olival e amendoal a extensas das culturas anuais de sequeiro, e o abandono agrícola e expansão da vegetação natural em áreas declivosas e com solos mais pobres.

 

Outras formas de valorização sócio-económica do território como a produção hidroeléctrica e o turismo são mais recentes, trazendo novas interacções com efeitos ainda pouco conhecidos nos sistemas naturais.

AMEAÇAS AO SISTEMA

O LTsER Sabor está inserido num território em permanente mudança desde um passado longínquo, onde a actividade humana contínua moldou a paisagem ao longo de milénios, tornando difícil identificar o que são verdadeiramente os sistemas naturais e como devem ser geridos.

Apesar da vegetação natural estar progressivamente a recuperar desde meados do século XX, este processo é condicionado pelo legado de actividades humanas mais antigas, incluindo por exemplo a forte degradação do solo devida ao cultivo cerealífero intensivo dos anos de 1930 e 1940, que dificulta a regeneração da floresta, até à extinção antiga de grandes herbívoros, que poderá causar a acumulação de biomassa vegetal e assim aumentar os riscos de incêndio.

A construção do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor é mais uma de múltiplas alterações sofridas pelos ecossistemas da região, ainda que pela sua dimensão e incidência sobre as linhas de água venha trazer novos e cumulativos impactos.

À transformação de um rio e das formações vegetais adjacentes num lago com 70km de comprimento estão associados efeitos directos

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relacionados com a perda e fragmentação dos habitats das espécies aquáticas e terrestres.

 

Poderão também acontecer efeitos indirectos devidos à indução de novas dinâmicas territoriais, associados por exemplo ao aumento do turismo e a alterações nos usos do solo.

INVESTIGAÇÃO

COMO SE FAZ E QUAL A INVESTIGAÇÃO REALIZADA NESTE LOCAL

A investigação sistemática no LTsER Sabor tem sido desenvolvida desde 2009, visando inicialmente estabelecer um referencial ecológico anterior ao Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor, e a partir daí acompanhar as alterações associadas à sua construção e exploração.

Para isso, tem sido desenvolvido um trabalho detalhado que envolveu o estabelecimento de estações meteorológicas para amostragem de variações microclimáticas, a análise continuada de parâmetros físico-químicos e de indicadores biológicos de qualidade (diatomáceas bentónicas, fitoplâncton, macroinvertebrados, peixes e macrófitas) da água no Rio Sabor e nas albufeiras do Aproveitamento Hidroeléctrico, a monitorização de espécies ameaçadas da flora, da estrutura e composição de formações vegetais, e das populações de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

Para além do acompanhamento geral do Aproveitamento Hidroeléctrico, são realizados estudos de monitorização dedicados especificamente a compreender a eficácia das medidas de compensação dos impactos, funcionando como múltiplas experiências ecológicas implementadas no território, mas também de forma multidisciplinar, como é o caso do acompanhamento das alterações sócio-económicas associadas à implementação do Aproveitamento.

 

A par desta investigação, têm sido desenvolvidos trabalhos para compreender as dinâmicas de uso do solo desde meados do século XX e as suas consequências nas comunidades biológicas e na estrutura e composição das paisagens, conseguindo assim adicionar retrospectivamente algumas décadas do passado aos estudos de longo termo conduzidos no sítio LTsER. 

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